sábado, 23 de abril de 2011

Marcelo Camelo volta apaixonado em novo álbum


Há um ano, nos primeiros dias de abril de 2010, a reportagem acompanhou uma sessão de gravações do que seria "Toque Dela" (ainda não tinha sido sequer batizado), segundo álbum de Marcelo Camelo fora da banda Los Hermanos.


Faltava pouco para o final do processo de produção, imaginava então o artista. O disco chegaria às lojas três meses depois. Não chegou.

Nas quatro estações que separam aquela sessão de estúdio do atual lançamento, Camelo quis mudar tudo.

"Para as minhas demandas, estava faltando outro tipo de estética", diz. "Fiz uma parada estratégica para ouvir o que tinha gravado. Trouxe [as faixas] para o Rio, e elas soam totalmente diferentes aqui e em São Paulo. Já no avião o disco vai mudando."

A paisagem, no caso de Marcelo Camelo, foi determinante. Se a força motriz de "Sou" (2008), o primeiro álbum solo, era justamente a reação do autor à mudança de cidade (ele vinha do Leblon para a Vila Madalena), as motivações agora se equilibram entre os dois cenários.

Hoje, passa períodos mais ou menos equivalentes no Rio e em São Paulo.

"A cidade, o lugar onde eu estou, o apartamento, a companhia: tudo isso modificou o disco", diz. "Inconscientemente, acho que era disso que eu estava sentindo falta mesmo: umas músicas feitas no Rio, umas gravações com clima mais carioca."

Descartou canções paulistas, adicionou outras cariocas, refez arranjos. Trocou até de gravadora --a Sony pela Universal Music. E segurou o lançamento até que tivesse todas as certezas.

Ou quase isso. Ele conta que foi escrevendo o disco sem procurar muito sentido racional no que fazia. Se perdeu da realidade a ponto de ter acreditado que o álbum resultaria muito mais animado do que resultou de fato.

"Falar para o seu inconsciente acaba tornando a parada mais universal", diz. "Se você quiser usar palavras pensadas só para impressionar a galerinha, tudo acaba soando muito provinciano."

A banda de apoio continua a mesma da primeira fase de gravação: os seis músicos do Hurtmold tocam em sete das dez faixas. Também amparam Camelo no palco, durante toda a turnê, que passa por aqui nos dias 28, 29 e 30 de abril, no Sesc Pompeia.

Na segunda fase de gravação, pós-viagem ao Rio, entraram o piano e a sanfona de Marcelo Jeneci. E o naipe de metais _marca nos arranjos dos álbuns dos Hermanos.

"Sempre gostei de usar metais. Com eles, é possível fazer uma linha melódica sem ter que usar palavras e conseguir ser expressivo", afirma. "No primeiro disco eu usei menos por ter usado demais nos Hermanos."

Nenhum comentário:

Postar um comentário